História e Cultura Afro-Brasileira: dez anos da Lei 10.639/03
Por: Patrícia de Freitas
Em
2013 comemoramos os dez anos da promulgação da lei 10.639/03 que tornou
obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nos
estabelecimentos de educação infantil, ensino fundamental e médio, na
educação de jovens e adultos, educação superior das escolas oficiais e
particulares do país. Ao mesmo tempo, a lei apresentou alguns
encaminhamentos para trabalhar a temática em sala de aula e
consequentemente, propõe uma mudança curricular dinâmica que leve em
consideração a diversidade cultural no contexto educativo. Importante
lembrar que a lei 10.639/03 foi alterada pela lei 11.645, incluindo a
temática do ensino de história e cultura indígena no Brasil.
Entre
a promulgação de uma lei e sua efetivação existe um longo trajeto a ser
percorrido. Esse parece o caminho natural das leis brasileiras, bonitas
no papel e irreais na prática. Com a lei 10.639/03 parece que ocorreu
algo parecido, muitos a ignoram com o discurso que já trabalham a
temática. A questão é justamente essa, o modo como a temática vem sendo
abordada durante décadas nas nossas escolas. A lei não estabelece apenas
um acréscimo de conteúdo, mas uma mudança radical no modo como o
conteúdo é trabalhado. Ao mesmo tempo, exige uma mudança de postura
diante das mais variadas situações presenciadas no cotidiano escolar.
Redimensionar o modo como os conteúdos são trabalhados, requer novas
leituras. Estar atento ao grupo multifacetado e multicultural.
Muitas
vezes, um cuidado maior a detalhes pode fazer toda a diferença. A
elaboração de um mural, a atenção a determinadas datas comemorativas, a
exploração de falas, xingamentos que não podem passar despercebidos. O
fato é que os educandos afrodescendentes e indígenas precisam sentir-se
inteirados, presentes e representados. Este é um caminho que precisa ser
trilhado por todos os professores, independente da disciplina que
lecionam ou do nível de ensino que atuam. Trazer para sua prática
elementos que eliminem um racismo surdo, que ignora a presença do outro
quando não leva em consideração as suas particularidades.
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